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segunda-feira, 8 de agosto de 2016


O que foi a Revolução Cubana?

A Revolução Cubana começou com a guerrilha liderada por Fidel Castro contra o ditador Fulgêncio Batista, apoiado pelo governo norte americano, e prosseguiu com a implementação de um governo revolucionário, que pouco mais tarde se alinharia com o socialismo soviético.



A primeira ação militar organizada contra Batista foi a invasão do Quartel da Moncada, em 26 de julho de 1953, onde encontravam-se presos políticos. Líder da iniciativa, Fidel Castro foi condenado a 15 anos de prisão, enquanto a maioria dos outros combatentes foi executada. Em seu julgamento, ficou célebre o discurso de Castroem defesa própria, no qual cravou a frase “a História me absolverá”. Libertado graças à pressão popular, ele se exilou no México, onde arregimentou voluntários para voltar à ilha, em 1956, a bordo do iate Granma, e tomar o poder. Entre os voluntários, estava o jovem médico Ernesto “Che” Guevara, que se tornou seu braço-direito.



Apesar da desvantagem numérica contra o exército cubano, mas contando com imenso apoio popular, os revolucionários pouco a pouco colecionaram vitórias contra o governo de Batista. De 1956 e 1958, vindo da Sierra Maestra, região de montanhas no leste da ilha, eles tomaram diversas cidades do país. Em 1º de janeiro de 1959, Fidel declarou vitória em um discurso em Santiago de Cuba. No mesmo dia, Batista abandona o país, deixando a capital, Havana, livre para os rebeldes liderados por Che Guevara e Camilo Cienfuegos.


Uma das primeiras medidas do governo revolucionário foi nacionalizar propriedades de empresas americanas, donas de cerca de 75% das terras férteis da ilha. Outras medidas urgentes foram a construção de casas populares em regime de cooperativa e um extenso plano de alfabetização.


Em 1º de maio de 1961, Cuba declarou-se oficialmente um governo socialista, o que lhe rendeu o apoio da União Soviética e fez da ilha um importante foco de tensão durante a Guerra Fria, graças à sua proximidade geográfica com os Estados Unidos. O momento histórico mais crítico foi a invasão, arquitetada pela CIA (Central de Inteligência Americana), da baía dos Porcos, em 1961. O plano era entrar em Cuba e destituir Fidel do poder – mas foi um grande fracasso.


Os Estados Unidos, então, iniciaram uma série de medidas diplomáticas contra Cuba, sendo a principal delas um embargo econômico que persiste até hoje. A CIA ainda planejou eliminar Fidel diversas vezes, falhando em todas.


Com a extinção da União Soviética, em 1989, Cuba perdeu sua principal fonte de apoio financeiro e entrou num período de grave crise econômica, enfrentando dois períodos de fome no início dos anos 1990. O país iniciou um lento processo de reforma. Para piorar, o embargo econômico foi reforçado em 1996 com a lei Helms-Burton, aprovada no governo de Bill Clinton, que estipulava sanções a empresas estrangeiras que tivessem negócios em Cuba. Atualmente, sob a presidência de Raul Castro, sucessor do irmão Fidel, e com a eleição de Barack Obama, existe a expectativa de que o processo de abertura da economia cubana se acelere.







Como funciona o embargo a Cuba?




O embargo é um bloqueio econômico dos EUA, aplicado desde 1962 como resposta à desapropriação de terras de empresas americanas na ilha. O objetivo das restrições (veja os principais exemplos no quadro abaixo) é asfixiar a economia de Cuba. Segundo o governo americano, isso ajudaria a “levar democracia aos cubanos” – se bem que, para alguns analistas, o embargo fortalece ainda mais a ditadura, que joga nos ombros dos EUA a responsabilidade por todos os males na ilha. De qualquer forma, as penas para americanos que violem as sanções são pesadas: até 10 anos de prisão e multas de US$ 1 milhão para corporações ou US$ 250 mil para cidadãos. Mesmo com tanto controle, os EUA são hoje o 3º maior exportador de produtos para Cuba, a maior parte alimentos e produtos agrícolas. “Isso foi fruto de um acordo humanitário, que desde o ano 2000 autoriza a entrada no país de itens de primeira necessidade, como alimentos e remédios”, afirma o historiador Luis Fernando Ayerbe, da Unesp, autor do livro Estados Unidos e América Latina: a Construção da Hegemonia. Se nos tempos de Guerra Fria (1945-1991) todo o mundo capitalista tinha alguma restrição a Cuba, hoje o embargo só é apoiado pelos aliados americanos mais próximos – na Assembléia Geral da ONU em 2007, apenas 4 dos 188 membros não votaram pela condenação às sanções: Israel, Palau, Ilhas Marshall e, claro, os EUA. Fidel renunciou ao poder, mas o governo Bush já disse que nada muda no embargo. Um afrouxamento só deve acontecer (se acontecer) em 2009, com o novo presidente.

Bloqueio americano impõe restrições tanto nos EUA quanto em Cuba.


NOS EUA
PROIBIDO
NAVIOS
Todo navio que passar por Cuba – mesmo que seja apenas uma escala rápida – não pode atracar nos EUA por 6 meses.
PRODUTOS CUBANOS
Produtos com qualquer matéria-prima cubana são barrados. Americanos não podem entrar nos EUA com charutos cubanos, por exemplo, mesmo que os comprem em outro país.
IMIGRANTES CUBANOS
O regime comunista proíbe as pessoas de deixar a ilha (a não ser em viagens oficiais, esportivas ou de estudo). Quem foge de barco para os EUA e é pego no mar pela guarda costeira americana é mandado de volta. Quem chega a terra firme sobrevive como ilegal.
LIBERADO
Livros, objetos de arte, filmes e afins podem ser transportados livremente de um país para outro. Cds e dvds virgens não entram nessa categoria.


EM CUBA
PROIBIDO
TURISTAS AMERICANOS
Entre 2004 e 2006, mais de 800 americanos foram punidos nos EUA por viajar ilegalmente a Cuba.
RESTRITO
PROFISSIONAIS AMERICANOS
Entre os americanos, só jornalistas, membros do governo em viagem oficial ou pesquisadores podem pisar na ilha.
DINHEIRO GANHO NOS EUA
A remessa de dólares para Cuba é permitida até US$ 300 a cada 3 meses – desde que a pessoa não tenha parentes em cargos do governo na ilha.
PARENTES
A visita a familiares diretos (marido ou mulher, pais, filhos, netos e avós) é limitada a 14 dias a cada 3 anos. Na ilha, o visitante só pode gastar até US$ 50 por dia.
PRESENTES
Um americano pode levar presentes para cubanos, mas apenas até o limite de US$ 200 por mês. Só pode alimentos, roupas, produtos hospitalares ou equipamento de pesca.
LIBERADO
MATERIAL CULTURAL, COMIDA E REMÉDIOS

Em 2007, o comércio dos itens permitidos movimentou cerca de US$ 600 milhões.


Simuladinho: Revolução Cubana





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