Água, entenda como ela é fundamental também no vestibular
Escassez
O volume de água que circula no planeta não diminui nem aumenta. Ele está constante no processo de reciclagem natural: evapora com o calor, cai sob forma de chuva, escorre para o fundo da terra e retorna para a superfície, onde volta a evaporar.
A crise de água está muito mais ligada ao seu mau uso do que aos fatores naturais que poderiam gerar escassez. Além disso, vale lembrar que a quantidade de água na Terra é sempre a mesma, mas a quantidade de seres que a consomem é crescente. O desperdício e a contaminação dos mananciais são as principais ações humanas que causam desfalque nos recursos hídricos.
Estima-se que apenas 2,5% da água espalhada pelo globo seja doce. Para piorar esse quadro, a maior parte dessa água não está disponível para consumo – ou está escondida em depósitos subterrâneos ou está congelada nas geleiras e calotas polares. Com isso, a real proporção de água doce a que temos acesso imediato corresponde a 0,4% da água do mundo.
Conflitos
De acordo com o Programa Para o Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (Unep), cerca de um a cada seis indivíduos não tem acesso à água limpa e em quantidade adequada para garantir a saúde e o desenvolvimento social e econômico. Isso acontece, em primeiro lugar, porque a água não é distribuída de maneira equilibrada pelo planeta.
Algumas regiões dispõem de recursos hídricos abundantes enquanto outras não conseguem suprir o mínimo recomendado pela ONU – cerca de 20 a 50 litros diários por pessoa. Alguns países da África e do Oriente Médio já foram foco de conflitos armados motivados pela escassez de água. O domínio sobre essas fontes é questão estratégica de segurança nacional. Se não for bem administrada, pode gerar um contingente de 100 milhões de refugiados nos próximos 20 anos.

Disparidade no consumo
Quando pensamos no crescimento demográfico e em sua relação com o consumo de água no planeta, pensamos nas bocas sedentas e no uso cotidiano da água através de torneiras, chuveiros e descargas em vasos sanitários. Não podemos excluir esse tipo de “gasto” dos cálculos, mas a maior demanda por recursos hídricos surge da necessidade de geração de energia, que varia de acordo com desenvolvimento das sociedades no campo e na indústria.
Quanto mais rica é uma população, maior é a demanda de água por cabeça. A disparidade entre o consumo dos países ricos e pobres influi diretamente na rotina de seus habitantes. Calcula-se que os africanos gastem 40 bilhões de horas a cada ano em atividades como coleta e transporte de água potável para consumo. Em termos práticos, esse tempo seria precioso para a produção de conhecimento e riqueza no continente.
Degradação
A contaminação da água do subsolo por pesticidas e outras substâncias tóxicas usadas na agricultura pode inutilizar aquíferos para sempre. Os rios e lagos também podem morrer devido ao excesso de algas, que acabam com o oxigênio da água, tornando-a imprópria para peixes e toda a fauna aquática. Isso acontece quando os nutrientes do solo são arrastados pelas chuvas para os rios e lagos, estimulando o crescimento das algas.
A questão dos efluentes tóxicos exige observância das indústrias. Muitos rios ficam poluídos porque as substâncias contaminantes - como o mercúrio presente em aparelhos eletrônicos e os usados na mineração - tornam os efluentes industriais venenosos.
Dentre os problemas mais urgentes, destacam-se a impermeabilização do solo que prejudica a recarga dos aquíferos e as redes de esgoto sem tratamento, que contaminam as fontes subterrâneas e espalham doenças letais.
Abuso
Parece ironia, mas, quanto mais próspera é a economia global, maior é a sede do planeta. No decorrer do século XX, muitos ambientes aquáticos foram comprometidos por projetos de irrigação e ocupação irregular do solo. O mar de Aral é o exemplo extremo dessa situação.
Em 60% das cidades europeias com mais de 100 mil habitantes, o consumo de água subterrânea é maior do que sua taxa de reposição. A Cidade de México fica sobre um lençol freático responsável por 72% do abastecimento. Seis mil poços sugam 52 m³ por segundo e recebem apenas 28 m³ por segundo. Esse esvaziamento do lençol faz a cidade afundar 10 cm por ano.
Mudanças climáticas
As mudanças que mais afetam os recursos hídricos do planeta causam as chuvas ácidas e o derretimento das geleiras. Entenda como e por que.
No caso das chuvas ácidas, os óxidos liberados pela queima de combustíveis reagem com a água e o oxigênio atmosféricos, formando os ácidos sulfúrico e nítrico. Quando as chuvas carregam esses ácidos, o resultado é o envenenamento dos rios, da terra, a morte da vegetação e o surto de doenças.
Quanto ao fim das geleiras, estima-se que 80% das geleiras do Himalaia possam sumir em 30 anos, reduzindo a vazão dos principais rios asiáticos, responsáveis pelo abastecimento de mais de 16% da população mundial. A redução da neve nos Andes, nascente do rio Amazonas, afetará toda a América do Sul. Isso diz respeito não só ao abastecimento, mas também a novas mudanças bruscas nos aspectos climáticos, fechando um ciclo desastroso.
Saneamento básico e saúde
O corpo humano é constituído por 60% de água. Ela é fundamental para manter a integridade dos tecidos, a oxigenação do sangue e o funcionamento dos órgãos. Por esses motivos, o primeiro sintoma de escassez hídrica em uma região é o aumento vertiginoso dos problemas de saúde em sua população.
Consumir água imprópria para beber e cozinhar é uma das principais causas de morte nas zonas periféricas do mundo. A falta de saneamento básico influi diretamente na estrutura social de uma população: nenhuma criança consegue estudar e se não tiver condições mínimas de higiene que permitam sua boa formação física e intelectual.
No Brasil, cerca de 28 mil habitantes morrem todo ano em decorrência de algum fator relacionado à disponibilidade ou à qualidade da água e à falta de saneamento. No mundo, a água contaminada mata 1,6 milhões de crianças por diarreia a cada ano.
Exercício sobre meio ambiente:
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