Trabalho: saiba como o tema é abordado nas avaliações.
As atuais transformações nas relações de trabalho e nos modos de produção estão entre os temas mais cobrados pelos examinadores dos principais vestibulares do país. Afinal, trata-se de um assunto-chave para entender a questão do emprego do mundo e a dinâmica da globalização e do funcionamento da economia nos dias de hoje.
Veja a seguir de que forma o tema pode ser cobrado nos exames e o que você precisa saber para responder bem a estas questões:
1. O impacto da tecnologia na produção e no emprego
Os avanços tecnológicos permitem que as indústrias invistam cada vez mais em linhas de produção automatizadas, capazes de aumentar a quantidade fabricada a um custo menor. Da mesma forma, com a informatização crescente no setor de serviços, como acontece nos bancos, muitas empresas conseguem reduzir os gastos de suas operações.
Este corte de despesas, contudo, traz consigo um perverso efeito colateral: o desemprego. Isso porque a informatização implica na substituição da mão de obra humana e na consequente eliminação de postos de trabalho. Ao reduzir os custos de produção e os gastos com salários e encargos trabalhistas, as empresas conseguem maximizar seus lucros, mas a medida afeta toda uma classe de trabalhadores.
Nas tarefas mais braçais e repetitivas esta situação já é uma realidade. Mas com o avanço da robótica e da inteligência artificial, até mesmo algumas atividades cognitivas já começam a dispensar a mão de obra humana. Por isso, essa ideia de progresso geralmente associada ao avanço da tecnologia precisa ser relativizada neste atual estágio do capitalismo.
2. A nova Divisão Internacional do Trabalho
O advento da globalização e os avanços tecnológicos também impuseram uma nova Divisão Internacional do Trabalho. Com a maior interdependência entre as nações e o aumento da competitividade entre as empresas, houve uma mudança na distribuição das atividades produtivas e dos serviços entre os países do mundo.
Além de reduzir os custos com a substituição de parte da mão de obra humana pelo trabalho automatizado, as empresas encontraram uma outra forma de diminuir ainda mais as despesas. As companhias transnacionais com sede nos países mais ricos passaram a montar fábricas para produzir em países mais pobres, transferindo empregos para lugares como China, México, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Brasil. Essas empresas são atraídas pela maior oferta de matéria-prima e energia, mão-de-obra mais barata, isenções fiscais e legislação ambiental menos rígida nos países periféricos.
Dessa forma, muitas empresas transnacionais distribuem seu processo produtivo por todo o globo. Um carro, por exemplo, pode ter o seu motor feito num país, o chassi em outro, os acessórios num terceiro e ser montado em outra nação, mais próxima dos mercados consumidores.
3. Precarização e trabalho escravo
O deslocamento das linhas de produção dos países ricos para as nações periféricas também expõe uma outra situação: a precarização das condições de trabalho. Em muitos casos, as empresas transferem suas fábricas para países mais pobres, onde os sindicatos são fracos e a legislação trabalhista é menos rígida. Dessa forma, os trabalhadores são expostos a longas jornadas de trabalho, baixa remuneração e sem proteção social, como férias remuneradas, seguro-desemprego e aposentadoria. São notórios os casos de oficinas de confecção que exploram o trabalho vulnerável e produzem roupas para famosas grifes mundiais. A maioria delas está instalada em nações do Sudeste Asiático, como Bangladesh, Vietnã e Indonésia.
Em situações extremas, a exploração da mão de obra acaba levando o trabalhador a viver em condições análogas à escravidão. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima em 21 milhões o número de trabalhadores nessa situação. A maioria dos casos envolve situações degradantes de trabalho, servidão por dívida, confinamento físico e jornadas exaustivas. As vítimas costumam ser as populações mais vulneráveis – mulheres e meninas forçadas à prostituição, migrantes que se submetem a condições deploráveis com medo de serem deportados e indígenas. Países emergentes e em desenvolvimento da Ásia concentram mais da metade do total desses trabalhadores, que atuam, principalmente, em serviços domésticos, na agricultura e na construção civil.
No Brasil, apenas em 2015, o Ministério do Trabalho e Previdência Social resgatou 1.010 trabalhadores, que se concentravam nos setores de extração de minérios, construção civil, agricultura e pecuária. Em em capitais como São Paulo, muitos imigrantes de países como Bolívia, Peru, Paraguai e Haiti são aliciados para trabalhar em condições de escravidão em confecções de roupas.
4. A flexibilização das leis trabalhistas
Diante das atuais dificuldades para criar novos postos de trabalho e sustentar o nível de emprego, as empresas em diversas partes do mundo começam a pressionar os governos para alterar as legislações trabalhistas. Na base destas reivindicações está a reclamação dos empresários de que os encargos com os direitos trabalhistas são muito elevados e comprometem a capacidade das empresas de contratar mais funcionários.
No entanto, os sindicatos têm refutado as propostas neste sentido, sob a alegação de que os trabalhadores tendem a ser prejudicados em muitos aspectos, com possíveis reduções salariais, aumento da jornada de trabalho e perda de direitos referentes à proteção social.
No Brasil, o presidente interino Michel Temer anunciou que pretende encaminhar até o final do ano uma proposta de reforma trabalhista. Entre as propostas está a chamada “flexibilização” dos direitos, permitindo que as negociações coletivas entre patrões e empregados prevaleçam sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que regulamenta atualmente as relações trabalhistas. Esta possibilidade é vista pelos sindicatos como uma forma de dar mais poder aos patrões, que podem coagir seus empregados a aceitar um acordo menos vantajoso do que aquele que determina a lei.
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