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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Donald Trump e a rejeição à globalização




Contrariando quase todas as projeções, Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos (EUA) após a votação realizada em 8 de novembro. Para perplexidade mundial, o republicano, que causou polêmica durante a campanha com um discurso xenófobo, racista e misógino, derrotou a candidata democrata Hillary Clinton, favorita nas pesquisas.
A candidatura de Trump mostrou ter um apelo grande entre o eleitorado branco, de classe média, sem ensino superior. Trata-se de um dos estratos da população norte-americana que mais foi afetado economicamente nos últimos anos, com o achatamento da renda e a falta de perspectivas de ascensão social.
Nesse sentido, o discurso populista de Trump soou como música para os ouvidos desses eleitores. Durante sua campanha, o agora presidente eleito culpou os imigrantes e as parcerias comerciais com outros países pelas mazelas econômicas no país. Dessa forma, Trump propõe uma série de ações que ameaçam uma ruptura com o atual sistema, que os EUA ajudaram a moldar e por meio do qual consolidaram sua hegemonia mundial: a globalização.
Tema sempre presente nos vestibulares e no Enem, a globalização enfrenta uma série de contestações no mundo desenvolvido, que se manifestam não apenas na eleição de Trump, mas também no plebiscito que iniciou o processo de saída do Reino Unido da União Europeia – o Brexit.
Por isso, é importante entender de que forma a vitória de Trump pode abalar quatro dos principais pilares da globalização:
1. A livre circulação de pessoas
O discurso anti-imigratório foi um dos pontos mais polêmicos na campanha presidencial de Trump. O republicano prometeu deportar os 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos EUA, erguer um muro na fronteira sul do país para impedir a entrada de mexicanos e barrar o ingresso de muçulmanos no país.
Na visão do presidente eleito, os estrangeiros competem com os norte-americanos pelos postos de trabalho nos EUA, e a sua expulsão seria uma forma de combater o desemprego. Já os muçulmanos são considerados por Trump potenciais terroristas que devem ser impedidos de entrar no país. Embora a forma como o governo lida com os estrangeiros que vivem no país sempre tenha sido um tema sensível, Trump aponta o dedo diretamente para os imigrantes culpando-os pelas mazelas econômicas dos EUA. Dessa forma, ele se une a um movimento bastante forte na Europa ao se contrapor a um dos elementos mais frágeis da globalização: a livre circulação de pessoas.
2. Os acordos comerciais
Os acordos comerciais são outro componente essencial da globalização. Com o objetivo de estimular as trocas comerciais, os países se unem em blocos econômicos, que reduzem ou eliminam as barreiras alfandegárias. Com isso, as mercadorias ficam mais baratas no comércio entre os países-membros, tornando suas economias mais integradas.
Desde 1994, os EUA fazem parte do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), com o México e o Canadá. Em 2015, o país assinou um acordo para criar a maior área de livre comércio do mundo, o Acordo Transpacífico (TPP), que inclui 12 nações e somam 40% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. O acordo ainda depende de aprovação parlamentar dos países-membros para entrar em vigor
Durante sua campanha, Trump disse que irá rever os termos do acordo com os EUA com o Nafta e irá retirar o país do TPP. Por trás desse discurso, está a alegação de que, ao facilitar as importações, esses acordos prejudicam setores essenciais da economia – no caso dos EUA, principalmente a indústria. Isso leva muitas empresas a fecharem as portas e a demitir funcionários.
3. A Divisão Internacional do Trabalho
A globalização e os avanços tecnológicos impuseram uma nova Divisão Internacional do Trabalho. As companhias transnacionais, muitas delas com sede nos EUA, passaram a montar fábricas para produzir em países mais pobres, transferindo empregos para lugares como China, México, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Brasil. Essas empresas são atraídas pela maior oferta de matéria-prima e energia, mão-de-obra mais barata e isenções fiscais.
Dessa forma, muitas empresas transnacionais distribuem seu processo produtivo por todo o globo. Um carro, por exemplo, pode ter o seu motor feito num país, o chassi em outro, os acessórios num terceiro e ser montado em outra nação, mais próxima dos mercados consumidores.
Para Trump, esse modelo foi responsável pelo fechamento de diversas fábricas no país, prejudicando a geração de empregos na indústria. Diante deste cenário, o presidente eleito prometeu que irá cobrar mais impostos das empresas que decidirem migrar para o exterior, tentando impor restrições a essa divisão internacional do trabalho que se consolidou com a globalização.
4. O processo de integração internacional
A globalização também é caracterizada pela maior integração entre as nações. Instâncias multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) servem de palco para a deliberação conjunta de medidas de interesse internacional. E os EUA, na condição de maior potência econômica e militar do planeta, exerce o papel de fiador desse sistema internacional de nações. Sua liderança têm permitido ao país e muitos de seus aliados extrair diversos benefícios econômicos da globalização, fortalecendo suas empresas com atuação internacional e as instituições financeiras. No campo militar, a postura intervencionista dos EUA tem como propósito manter o equilíbrio das rivalidades regionais, evitando que a hegemonia de alguma nação possa ameaçar a sua própria liderança mundial.
Sobre o processo de integração mundial, Trump disse: “Nós não deixaremos mais este país ou o seu pavo cair no falso canto do globalismo. Eu sou cético em relação a uniões internacionais que prejudicam os EUA”, disse o republicano.
Conforme abordado nos tópicos anteriores, Trump propõe medidas protecionistas na economia, que têm por objetivo fechar o país ao comércio internacional.
Já no plano geopolítico, sua agenda também tem um caráter isolacionista. Durante a campanha, Trump deixou claro que sua política externa será moldada a partir do lema “America First” – ou seja, os interesses norte-americanos em primeiro lugar. Dessa forma, Trump quer restringir a abrangência das parcerias militares com aliados históricos. Ele alega que os EUA gastam muito repassando ajuda financeira a parceiros históricos como Japão, Coreia do Sul e Arábia Saudita.
Outra possível ruptura tem como alvo alguns acordos internacionais firmados pelo atual presidente Barack Obama. O Acordo de Paris, assinado por todos os membros da ONU em dezembro passado e que entrou em vigor neste mês, impõe limites às emissões de gases do efeito estufa para os próximos anos. Trump é cético em relação ao aquecimento global e pode ignorar os termos do Acordo de Paris. Já a reaproximação com o Irã e com Cuba também corre risco – Trump já ameaçou romper com o acordo que restringiu o alcance ao programa nuclear iraniano e é evasivo quanto ao processo que levou EUA e Cuba a reatarem as relações diplomáticas no ano passado.

Resumo : Mundos Unipolar, Tripolar e Policêntrico e seus desdobramentos políticos



Resultado de imagem para mundo bipolar e multipolar

Se durante a Guerra Fria, o que se viu foi a oposição sistemática de dois blocos, no mundo atual, livre da bipolaridade, existe uma situação mais policêntrica ou multipolar, onde as possibilidades de relacionamento entre Estados e regiões se multiplicam.

O espaço mundial das últimas décadas tem sido caracterizado pela globalização da economia, que relaciona a abertura das fronteiras nacionais para a livre circulação de mercadorias e investimentos com o estabelecimento de alianças comerciais regionais, os chamados blocos econômicos.

No mundo contemporâneo, três grupos diferentes de países convivem: os que ainda se apóiam principalmente em atividades agrícolas voltadas para o auto-consumo e nos quais as relações capitalistas são pouco desenvolvidas, os países que desenvolveram atividades industriais e comerciais, mas apresentam problemas econômicos e populações pobres; e, liderando o processo, um conjunto de países onde a economia é plenamente desenvolvida e a produção está apoiada na utilização de tecnologias sofisticadas.

Nesse contexto, os países agrários, com baixa qualificação profissional da população e diminuto mercado consumidor, ficam marginalizados no mercado global; os países dependentes com destacado desenvolvimento capitalista tornam-se pólos de atração de investimentos, os chamados países emergentes, e os países capitalistas avançados comandam a globalização em seu conjunto, liderados pelos Estados Unidos.

A Globalização dos anos 1990 está bastante ligada às idéias neoliberais valorizadas desde 1979, no Reino Unido e nos EUA, que pregam o chamado Estado mínimo, com a redução da participação do Estado na economia e a abertura da economia para o exterior, facilitando a circulação de investimentos e de produtos.

Os Acordos Regionais de Livre Comércio 

O processo de globalização apresenta dois movimentos contraditórios. Por um lado, temos um amplo processo de abertura da economia e desenvolvimento do comércio multilateral, cujo fórum internacional é a Organização Mundial do Comércio (OMC ), criada em 1995. Por outro lado, temos a constituição de alianças econômicas regionais, mais conhecidas como blocos econômicos. A essa nova realidade se dá o nome de Mundo Multipolar que compreende os pólos de maior poder econômico, representados pela União Européia, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA ), o Mercado Comum do Sul ( Mercosul ) e o chamado Bloco do Pacífico, que reúne de maneira informal os parceiros asiáticos do Japão e dos Estados Unidos da América.

Os chamados blocos Americano, Europeu e Asiático controlam aproximadamente 81% dos investimentos realizados em escala mundial; cada um desses blocos atua numa área diferente do globo e, se considerados os principais pontos de concentração de seus investimentos, observa-se que a principal área de influência do Bloco Americano corresponde à América Latina, onde os Estados Unidos realizam 61% de seus negócios; no leste e sudeste da Ásia, onde se encontram 52% dos negócios japoneses, e no o Leste Europeu, onde as potências da União Européia investem boa parte do seu capital.

União Europeia 

A União Europeia (UE) foi criada em 1957 com objetivo de promover um crescimento mais acelerado dos países da Europa Ocidental. Em 1993 essa organização chegou ao estágio da união aduaneira e, a partir da entrada em vigor dos Tratados de Maastricht, os países da U.E. partiram para a constituição simultânea de uma união política e de uma união econômica, concretizada em 1999 quando a sua moeda única , o Euro, começou a ser introduzido de forma gradativa nos países membros.

Acordo de Livre Comércio da América do Norte ( NAFTA)

O NAFTA é uma associação que pretende promover a integração econômica entre os Estados Unidos da América, o Canadá e o México . Essa ideia surgiu da preocupação norte-americana diante do fortalecimento europeu em 1986, quando teve início o projeto de unificação política e econômica da atual União Européia. Isso levou os Estados Unidos a intensificar seus laços de comércio regional.

O Poder Asiático

O Bloco Asiático não corresponde exatamente a um aliança econômica, pois não existe um acordo formal definindo as regras para o seu funcionamento. O que costuma ser chamada por esse nome é uma região onde se observa a influência econômica e os investimentos realizados pelo Japão, que iniciou sua expansão econômica e financeira em direção aos seus vizinhos do leste e sudeste da Ásia em 1959.

A aliança estabelecida com os Estados Unidos a partir da década de 1950 com o objetivo de dificultar a expansão socialista no extremo oriente contribuiu para transformar o Japão na segunda maior economia do mundo. Seus investimentos estimularam a industrialização e o crescimento dos países conhecidos como Tigres Asiáticos , que apresentaram uma boa performance econômica internacional desde os anos 80 e aparecem atualmente como importantes exportadores de automóveis, de produtos eletrônicos e até de produtos de tecnologia de ponta, como micro-computadores. Vale destacar o boom econômico chinês e a industrialização dos Novos Tigres ( Malaísia, Tailândia, Vietnã e Filipinas ). 
Em 1997, esses países do Bloco do Pacífico foram atingidos por uma grave crise financeira, que colocou em xeque os rumos da globalização. O período posterior à crise resultou em um grande declínio da produção; mas hoje, esses países vivenciam uma gradativa recuperação, principalmente na Coréia do Sul que, voltou a figurar no grupo dos países emergentes.

O Mercosul 

O Mercosul é um exemplo de bloco regional estruturado fora dos principais pólos de decisão. O Mercado Comum do Sul, definido com a assinatura do Tratado de Assunção, em 1991, reúne os dois países mais industrializados da América do Sul, Brasil e Argentina, ao Paraguai e Uruguai. Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador também participam do Mercosul, atualmente como membros associados, enquanto a Venezuela está em processo de adesão.

A participação nesse bloco amplia o mercado para as empresas localizadas nos países membros, que podem ampliar sua escala produtiva, obtendo maiores lucros. Isso contribui para a atração de investimentos internacionais, que tem no Brasil a localização mais atraente para a instalação de novas indústrias, que exportam seus produtos com facilidade e para os parceiros do Mercosul.

Trabalho: saiba como o tema é abordado nas avaliações. 




As atuais transformações nas relações de trabalho e nos modos de produção estão entre os temas mais cobrados pelos examinadores dos principais vestibulares do país. Afinal, trata-se de um assunto-chave para entender a questão do emprego do mundo e a dinâmica da globalização e do funcionamento da economia nos dias de hoje.

Veja a seguir de que forma o tema pode ser cobrado nos exames e o que você precisa saber para responder bem a estas questões:

1. O impacto da tecnologia na produção e no emprego

Os avanços tecnológicos permitem que as indústrias invistam cada vez mais em linhas de produção automatizadas, capazes de aumentar a quantidade fabricada a um custo menor. Da mesma forma, com a informatização crescente no setor de serviços, como acontece nos bancos, muitas empresas conseguem reduzir os gastos de suas operações.

Este corte de despesas, contudo, traz consigo um perverso efeito colateral: o desemprego. Isso porque a informatização implica na substituição da mão de obra humana e na consequente eliminação de postos de trabalho. Ao reduzir os custos de produção e os gastos com salários e encargos trabalhistas, as empresas conseguem maximizar seus lucros, mas a medida afeta toda uma classe de trabalhadores.

Nas tarefas mais braçais e repetitivas esta situação já é uma realidade. Mas com o avanço da robótica e da inteligência artificial, até mesmo algumas atividades cognitivas já começam a dispensar a mão de obra humana. Por isso, essa ideia de progresso geralmente associada ao avanço da tecnologia precisa ser relativizada neste atual estágio do capitalismo.

2. A nova Divisão Internacional do Trabalho

O advento da globalização e os avanços tecnológicos também impuseram uma nova Divisão Internacional do Trabalho. Com a maior interdependência entre as nações e o aumento da competitividade entre as empresas, houve uma mudança na distribuição das atividades produtivas e dos serviços entre os países do mundo.

Além de reduzir os custos com a substituição de parte da mão de obra humana pelo trabalho automatizado, as empresas encontraram uma outra forma de diminuir ainda mais as despesas. As companhias transnacionais com sede nos países mais ricos passaram a montar fábricas para produzir em países mais pobres, transferindo empregos para lugares como China, México, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Brasil. Essas empresas são atraídas pela maior oferta de matéria-prima e energia, mão-de-obra mais barata, isenções fiscais e legislação ambiental menos rígida nos países periféricos.

Dessa forma, muitas empresas transnacionais distribuem seu processo produtivo por todo o globo. Um carro, por exemplo, pode ter o seu motor feito num país, o chassi em outro, os acessórios num terceiro e ser montado em outra nação, mais próxima dos mercados consumidores.

3. Precarização e trabalho escravo

O deslocamento das linhas de produção dos países ricos para as nações periféricas também expõe uma outra situação: a precarização das condições de trabalho. Em muitos casos, as empresas transferem suas fábricas para países mais pobres, onde os sindicatos são fracos e a legislação trabalhista é menos rígida. Dessa forma, os trabalhadores são expostos a longas jornadas de trabalho, baixa remuneração e sem proteção social, como férias remuneradas, seguro-desemprego e aposentadoria. São notórios os casos de oficinas de confecção que exploram o trabalho vulnerável e produzem roupas para famosas grifes mundiais. A maioria delas está instalada em nações do Sudeste Asiático, como Bangladesh, Vietnã e Indonésia.

Em situações extremas, a exploração da mão de obra acaba levando o trabalhador a viver em condições análogas à escravidão. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima em 21 milhões o número de trabalhadores nessa situação. A maioria dos casos envolve situações degradantes de trabalho, servidão por dívida, confinamento físico e jornadas exaustivas. As vítimas costumam ser as populações mais vulneráveis – mulheres e meninas forçadas à prostituição, migrantes que se submetem a condições deploráveis com medo de serem deportados e indígenas. Países emergentes e em desenvolvimento da Ásia concentram mais da metade do total desses trabalhadores, que atuam, principalmente, em serviços domésticos, na agricultura e na construção civil.

No Brasil, apenas em 2015, o Ministério do Trabalho e Previdência Social resgatou 1.010 trabalhadores, que se concentravam nos setores de extração de minérios, construção civil, agricultura e pecuária. Em em capitais como São Paulo, muitos imigrantes de países como Bolívia, Peru, Paraguai e Haiti são aliciados para trabalhar em condições de escravidão em confecções de roupas.

4. A flexibilização das leis trabalhistas

Diante das atuais dificuldades para criar novos postos de trabalho e sustentar o nível de emprego, as empresas em diversas partes do mundo começam a pressionar os governos para alterar as legislações trabalhistas. Na base destas reivindicações está a reclamação dos empresários de que os encargos com os direitos trabalhistas são muito elevados e comprometem a capacidade das empresas de contratar mais funcionários.

No entanto, os sindicatos têm refutado as propostas neste sentido, sob a alegação de que os trabalhadores tendem a ser prejudicados em muitos aspectos, com possíveis reduções salariais, aumento da jornada de trabalho e perda de direitos referentes à proteção social.

No Brasil, o presidente interino Michel Temer anunciou que pretende encaminhar até o final do ano uma proposta de reforma trabalhista. Entre as propostas está a chamada “flexibilização” dos direitos, permitindo que as negociações coletivas entre patrões e empregados prevaleçam sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que regulamenta atualmente as relações trabalhistas. Esta possibilidade é vista pelos sindicatos como uma forma de dar mais poder aos patrões, que podem coagir seus empregados a aceitar um acordo menos vantajoso do que aquele que determina a lei.